Inflação atual no Brasil, bolha a chegar, deflação no Japão

A inflação atual no Brasil é preocupante, e é na maior parte culpa da política de expansão de crédito e gastos do governo Lula, seguindo a política keynesiana intervencionista do governo FHC.

Endividamento estatal é o déficit orçamentário com aumento de gastos (funcionalismo público, editais científicos, sociais e culturais, bolsas, PAC e outras obras) e aumento dos juros da dívida estatal (o orçamento anual atual de 1 trilhão de reais é 35% pagamento de juros da dívida pública).

Expansão de crédito é o conjunto de políticas de juros e câmbio, impressão de papel-moeda sem lastro, sistema bancário de reservas fracionárias (os bancos podem emprestar 3 vezes mais do que têm na verdade, assegurados pela impressora do banco central), linhas de financiamento não lastreadas (empresta dinheiro que não existe) a juros abaixo do mercado, empréstimos do BNDES para empresas com boas conexões políticas a fundo perdido ou a juros abaixo do mercado.

Essa é a receita para a inflação e para o estouro de bolhas como aconteceu nos EUA. Previsão para a economia do Brasil, no período de alguns anos: recessão. Quanto antes, menor e melhor.

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Existe particularmente uma bolha imobiliária no Brasil, impulsionada, novamente, pela política de expansão do crédito do governo e pela alavancagem dos bancos. Vai estourar, quando exatamente não se sabe.

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Os bancos terem lucro não é problema. O problema é eles ganharem dinheiro com a emissão de papel moeda pelo banco central. O sistema bancário funciona sob o controle do governo. Funciona assim.

Primeiro o governo diz que os bancos podem alavancar seus ativos (o dinheiro efetivamente depositado nos bancos) em até 3 vezes (na verdade em torno de 3,1). Se você deposita 100 reais, o banco (e os bancos estatais também) pode emprestar os seus 60 reais para outro. Esse outro vai acabar gastando ou depositando em outro banco, aí esse outro banco pega os 60 reais e empresta mais 40 reais. Isso pode continuar. No momento, dos 100 reais originais, agora um banco tem 40 reais depositados e o outro 20 reais, totalizando 60 reais. Mas se o primeiro e o segundo clientes sacarem seus 160 reais o banco vai ter ficado com um déficit de 160 reais menos 60 reais = 100 reais.

Criação de dinheiro a partir do éter. O que impede que esse sistema cause prejuízos aos bancos, quando os clientes querem sacar esses 160 reais, mas os dois bancos têm 60 reais efetivamente depositados?

A resposta é: BANCO CENTRAL. Nos momentos em que os saques superam o que o banco tem, o BC imprime dinheiro. Isso mesmo, ele aumenta a quantidade de moeda circulando. As pessoas que primeiro recebem o dinheiro impresso (o banco e o governo) ganham na diferença da inflação, e as últimas pessoas a tocarem nesse dinheiro novo pagam a diferença. A inflação é uma coisa dinâmica, mas geralmente quem ganha a diferença são os bancos e o governo, criando dinheiro (crédito) para financiar dívidas.

Sem o banco central monopolizando e imprimindo o papel-moeda, seria muito difícil um banco não ter prejuízo emprestando mais do que tem, do mesmo jeito que uma pessoa teria prejuízo se assim o fizesse. Os bancos fazem safadeza? Fazem, mas sob a égide do governo, que também ganha com isso na diferença, e na crença populista que expandir o crédito estimula a economia. A realidade é o contrário.

Expansão artificial de crédito cria bolhas, exatamente como o governo americano fez com o mercado imobiliário dos EUA desde o governo Clinton. Láfoi criado um programa muito parecido com o Minha Casa petista, durante anos, com papel recém impresso sem lastro real, no valor de centenas de bilhões de dólares.

A bolha brasileira um dia vai estourar, apesar de ser bem menor que a americana.

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A teoria que diz que o governo tem a capacidade de estimular a economia através de todas as regulações (financeiras, trabalhistas, salário mínimo, controle de preços, protecionismo, etc.), pacotes (expansão de crédito, investimentos em gran…des obras, impressão de papel moeda sem lastro, subsídios, etc.) e assistencialismo é a teoria social democrata (chamada desde os anos 40 de neoliberal e seguida por FHC e Lula) desenvolvida por Mayard Keynes, com as premissas marxistas (teoria do valor do trabalho e teoria da exploração) sem a abolição da propriedade privada.

Agora vou explicar do ponto de vista da escola austríaca de economia (Menger, Bomh-Bawerk, Mises, Hayek e Rothbard), que explica exatamente como funciona esses ciclos económicos de “boom and bust”, ou seja, rápido e curto crescimento seguido de recessão.

Crescimento econômico verdadeiro não significa inflação. Quando o governo expande o crédito, além de causar inflação pelo aumento de oferta monetária, as pessoas passam a comprar mais bens de consumo imediato ou de pouca urgência (no caso de um segundo apartamento, segundo carro, segunda televisão) com esse crédito, pressionando os preços para o alto. As pessoas não estão gastando mais porque pouparam. Estão gastando o dinheiro que ainda não ganharam e vão ter que pagar.

Os empresários pegam esses sinais do mercado e vão investindo em maior produção, achando que as pessoas têm mais dinheiro, e isso muda bastante o cenário de investimento. Isso vai dando uma falsa sensação de crescimento e pode durar alguns anos, até que a falta de pagamento dos financiamentos leva os bancos a pedir cada vez mais dinheiro para o governo, que imprime mais moeda, que gera mais inflação, que faz os bancos aumentarem os juros para não terem prejuízo quando recebem de volta o dinheiro que emprestaram, criando uma bola de neve, até todos perceberem que esse esquema em pirâmide não se sustenta.

Aí acontece o que aconteceu nos EUA. Milhões de pessoas endividadas, com bens que não valem nada, bancos com dívidas podres, inflação e recessão. A recessão é a febre da economia, faz bem, faz os preços e juros se reajustarem, faz as pessoas pouparem e decidirem mais sabiamente onde vão gastar ou investir seu dinheiro. O cenário industrial produtivo tem que demitir, liberando mão de obra para áreas mais produtivas da economia, e tem que redirecionar seus recursos na produção de bens mais urgentes, baixando os preços.

Mas ao invés de deixar a economia se recuperar, e deixar os bancos que fizeram investimentos errados quebrarem, o que o governo faz? Imprime mais dinheiro para salvar os bancos, como o resgate do Obama. Bancos e governos estão juntos nessa: tantos bancos não teriam emprestado tanto se não fosse o governo garantindo esses empréstimos.

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Porque entender minimamente de economia? É muito útil, ajuda a se livrar da ideia de dependência do governo, ajuda a ver que o mundo atual é o mundo possível, saber que acumular capital e poupar é bom e traz benefícios a médio e longo prazo, entender que riqueza não causa pobreza.

Eu sou um designer que aprendeu na marra que o sistema educativo atual é obrigatório, controlado ideologicamente e se tornou uma piada. Me formei numa fábrica de designers chamada PUC, onde a maioria das matérias é superficial ou desconstrutivista e relativista. Encontrei um pessoal que trabalha na prática com bambu, uma coisa útil apesar de ter pouca aceitação no mercado, e tentei levar minha empresa de bambu por 10 anos, até ver que não estava preparado para ser um bom empresário.

Nas épocas de guerra (estou me referindo a quem está se defendendo) e forte recessão as pessoas precisam ser flexíveis profissionalmente. A rainha da Inglaterra trabalhou como mecânica na 2a guerra mundial. Como design e bambu para mim são apenas modos de viver, e não (mais) uma paixão, desisti e vim com minha mulher morar na França (que tem mais liberdade econômica que o Brasil, por incrível que pareça). Agora faço qualquer bico, operador de corel draw, motorista de turista, cerca de bambu, esperando encontrar alguma nova carreira.

Enquanto isso venho me educando para entender porque é tão difícil ter uma empresa, como funciona a economia e o que é o dinheiro. Me livrei para sempre do socialismo e da social democracia, tenho agora princípios liberais clássicos. Proto-anarco-capitalista antigoverno antisocialismo.

Sim, capitalistas liberais que crêem nos direitos naturais, na propriedade privada, no lucro, nos juros e na meritocracia também podem ter poucos bens 😉

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Vou mostrar aqui porque crescimento econômico não cria inflação, na verdade cria deflação, e que deflação é uma coisa boa.

Se a economia cresce sustentavelmente, é sempre APESAR do governo. Mesmo que um governo faça de tudo para tentar controlar a economia, as pessoas criam formas de burlar o governo, porque nenhum governo consegue controlar todas as pessoas a todo momento. Então a parte real do crescimento econômico do Brasil (a parte não falseada pelo cálculo mentiroso do PIB) se deve quase inteiramente ao setor privado, às pessoas que acumulam capital para investir em bens, negócios e salários.

Ok, vamos admitir aqui que algumas empresas totalmente ou parcialmente estatais dão lucro e fornecem um serviço de qualidade (Petrobrás, Embraer, etc.). Mas sempre de forma pior que seria se fossem totalmente privadas, e quase sempre de forma monopolística garantida por lei. Isso se chama custo de oportunidade.

O impacto de uma Petrobrás no crescimento nacional é minúsculo comparado ao impacto do crescimento de todas as empresas privadas formais e informais do país.

O crescimento brasileiro mostrado pelo governo é maior que o crescimento real da economia. O governo imbute no cálculo do PIB um monte de coisas que na verdade diminuem o PIB, numa manobra contábil completamente falsa.

O PIB é calculado assim: ganhos do setor privado + impostos + gastos do governo.

IMPOSTO não pode ser computado como um GANHO da economia. Esse dinheiro, ao invés de ENTRAR na economia, SAI da economia e vai para o governo. Preciso repetir que o governo gasta 30% de seu orçamento anual para pagar juros de suas dívidas?

Os gastos do governo brasileiro desde sempre são maiores que o dinheiro que ele arrecada, aumentando todo ano sua dívida, que já está enorme, na casa do trilhão. E esses gastos não são um GANHO na economia, pois não são investimentos que buscam lucro, apenas geram prejuízo. Portanto é outro fator que precisamos TIRAR do cálculo do PIB. Não adianta falar que existe superávit primário. Isso é a mesma coisa que dizer que dar calote nos juros da dívida é moralmente justificável. Dívida é dívida, e mesmo que se argumentasse que os credores intencionalmente manipularam ou obrigaram o governo a se endividar é preciso lembrar que pessoas físicas também são portadoras de títulos de dívidas públicas.

Faça as contas, o PIB real é bem menor que o PIB fictício mostrado pelo governo.

O Japão vem sofrendo deflação de preços há alguns anos, então a mesma quantidade de ienes compra mais coisas que comprava há dez anos atrás. Porque? Porque de alguma forma passaram uma lei que desvinculou totalmente o banco central japonês das decisões políticas, é uma entidade autônoma (diferentemente do Brasil). Ele parou de imprimir dinheiro, e assim os bancos têm que emprestar somente o que podem, senão correm o risco de quebrar sem a ajuda do banco central.

A economia japonesa cresceu, como vinha crescendo, e agora há mais bens na economia que há dez anos atrás, porém com a mesma quantidade de papel moeda. Bem grosseiramente, se numa economia existem 100 sapatos e 100 moedas, cada moeda vale um sapato. Se agora temos 200 sapatos e 100 moedas, cada moeda vale 2 sapatos. A moeda é meramente um meio de troca. Sem imprimir dinheiro novo, os preços caem pois a economia cresce. O dinheiro guardado vale mais, sem mesmo precisar estar aplicado num banco ou num negócio. Quem acumulou, ganhou riqueza. Quem produziu, também. Todos os poupadores e produtores ganham. Até quem não poupa e/ou não produz ganha, pois há mais bens para serem distribuídos voluntariamente.

Das poucas coisas que o governo FHC fez de bom, uma foi essencial: a lei de responsabilidade fiscal.

Inflação atual no Brasil, bolha a chegar, deflação no Japão

6 comentários sobre “Inflação atual no Brasil, bolha a chegar, deflação no Japão

  1. Marta disse:

    Gostei muito da explicação. Reúne tudo ou quase tudo que eu já li sobre o assunto, um pouco ali, outro acolá. Mas, ficaram algumas dúvidas quanto à deflação, pois já li que ela também não é boa, pois haveria também um desequilíbrio entre a oferta e a procura, gerado por mais oferta (aumento dos bens) e menor demanda, fazendo os preços caírem. Estou certa, ou isso é mito? Ou os preços não têm haver com essa relaçao de oferta x demanda? E, como fica a questão do lucro no caso de deflação. Por que se produziria mais bens (mais sapatos), se antes, por um sapato se receberia uma moeda, e com a deflação, por dois sapatos se receberia a mesma única moeda? Essa única moeda pagaria os custos para se produzir dois sapatos e ainda restaria uma margem de lucro? Como se poderia produzir mais, com menos dinheiro circulando para fazer a troca. É mais ou menos isso. E o caso da China, vc poderia explicar? Grata. Abraços
    Marta

    1. Oi Marta,

      Deflação, assim como inflação, pode querer dizer duas coisas. Em termos econômicos clássicos, deflação é a diminuição da oferta de moeda, e inflação o aumento dela. No sentido leigo, que vemos sendo usado todos os dias nos jornais, inflação quer dizer aumento geral dos preços e deflação o seu contrário. Aumento de oferta de moeda provoca aumento dos preços, como expliquei. Isso não quer dizer que a diminuição da oferta de moeda seria necessariamente uma coisa boa ou racional a se fazer. O mais adequado seria deixar a oferta mais ou menos estável, ou, no mínimo, libertar as pessoas do monopólio estatal da moeda e deixá-las usarem a moeda que preferirem.

      Certamente com o tempo alguém ou algum grupo começaria a oferecer uma moeda de oferta estável, e o benefício desse acerto é a estabilidade dinâmica dos preços. Porque digo dinâmica? Porque não existe equilíbrio perfeito no mundo real. Todos os preços estão em constante mutação, em todos os instantes em que os produtores fazem o cálculo de custos e riscos (oferta), e os consumidores fazem a comparação de suas prioridades e valores (demanda).

      No caso da deflação decorrente da oferta estável de moeda, o benefício ocorre pela mesma razão que a inflação causa um malefício. O processo natural de uma economia é o aumento da produtividade. A experiência, o conhecimento, a tecnologia e as inovações em geral levam ao aumento geral da produtividade, isso é impossível de negar e é facilmente comprovável. Aquilo que começa como um produto inovativo e caro, cuja produção somente pode ser inicialmente subsidiada pelos consumidores ricos, em algum tempo se torna acessível até aos mais pobres, como é o caso recente do telefone celular.

      O preço diminui por causa da sua maior oferta, naturalmente. Quem produz mais com maior qualidade pode oferecer mais por menor preço, alcançcando maiores lucros no atacado, e isso é outro fato econômico muito fácil de verificar. Portanto numa economia de oferta estável de moeda, os preços caem pois há aumento de oferta causado pelo aumento da produtividade. Como não há aumento de oferta de moeda, os preços caem e a mesma quantidade de moeda compra mais produtos.

      Nesses casos, e existem casos anteriores na história, os salários tendem a se manter estáveis, e não caem como os preços. Isso porque a oferta de mão de obra cresce em menor velocidade que a oferta geral dos produtos de uma economia. Então o que se vê é um aumento significativo da qualidade de vida da população em tais economias em pouco tempo, ocasionado pela maior disponibilidade de bens materiais que facilitam a subsistência humana.

      No exemplo que eu dei, do sapateiro, seria preciso então incluir o fato do aumento de produtividade. o sapateiro vai produzir mais sapatos a cada ano que passa, mantendo ou até auumentando seu nível de lucro. Se não for o caso, e o negócio não for mais lucrativo porque competidores fazem mais sapatos por menores preços, bom, é hora de se aposentar ou achar outra forma de sobreviver.

  2. dekassegui disse:

    Homem de visao, pena que eleitores se contentam com pao e circo!
    Se tiver um tempo acompanhe o blog bolha imobiliaria!gosto dos comentarios de alguns.

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